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Bastos: Uma Comunidade Étnica no Brasil
Bastos: Uma Comunidade Étnica no Brasil
Chioko Mita
Editora Humanitas
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Bastos: Uma Comunidade Étnica Japonesa no Brasil, de autoria de Chiyoko Mita, foi apresentada, originariamente, como tese de doutorado ao Departamento de Ciências Sociais (Antropologia Social) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em 1986, sob a orientação lúcida e segura do Professor Doutor João Batista Borges Pereira.hiyoko Mita, professora da renomada Universidade de Sofia, sediada em Tóquio, no Japão, estuda a implantação da Colônia Bastos no Estado de São Paulo, reconstruindo a sua organização social, a vida material e o mundo das representações mentais. Inicialmente, traça as linhas básicas da política emigratória imperialista do Estado Moderno japonês, quais sejam, o plano deliberado de diminuir o excedente populacional, de aumentar o fluxo de cir-culação de capital e de mercadorias, e de amealhar experiências e conhecimentos técnicos de produção e de trabalho em outros países para potenciar a política nipônica de colonização expansionista.
Em seguida, a autora procura descrever a entrada do Japão no espaço econômico internacional aberto pelo capitalismo concorrencial ocidental, quando o Império do Sol Nascente ousou tornar-se uma grande potência imperialista da Ásia.
O instrumento de afirmação desta vontade de potência, entre muitos outros, foi a política de implantação de colônias no exterior, que se configuraria como uma espécie de extensão do território japo-nês no além-mar. Esta orientação transformou a política de emigração japonesa num empreendimento estatal, oferecendo aos emigrantes proteção e patrocínio do governo. Os projetos de colonização eram precedidos de estudos e de pesquisas para definir as áreas estratégicas a serem ocupadas pelos emigrantes japoneses, como no caso do México, em 1895/1897. A expansão imperialista japonesa, planejada pelo Estado Imperial-Militar do Japão, segundo Mita, consolidou-se com a colonização da Coréia, em 1910, e com a ocupação massiva da Manchúria, a partir de 1932. Estas duas colonizações confirmavam a hegemonia político-militar e econômica do imperialismo japonês na Ásia. A imigração japonesa que se iniciara em Guam e seguiu para o Havaí, em 1868, chegou à Califórnia no ano seguinte. Neste Estado dos Estados Unidos, os emigrantes de Aizu-Wakamatsu da Província de Fukushima do Japão, formados em sua maioria por guerreiros samurais de baixa hierarquia, fundaram a Colônia Wakamatsu (God Hill) visando cultivar chá e bicho de seda. Esta foi a primeira imigração coletiva de japoneses, com a finalidade de criar colônia, que antecedeu em 30 anos a experiência em Chiapas, no México, que resultou em fracasso. Somente em 1908, veio ao Brasil a primeira leva de 781 imigrantes japoneses para trabalhar como assalariados em fazendas de café no Estado de São Paulo. A professora Chiyoko Mita descreve as várias fases da imigração japonesa para o Brasil, aprofundando-se na análise da estatização de empresas de emigração japonesa, logo após a Primeira Grande Guerra Mundial, que resultou na política de promoção e financiamento da emigração japonesa para o Brasil, implantada pelo Governo Imperial Japonês, em 1924. Deve-se relembrar que a primeira colônia planejada para futuros pequenos proprietários autônomos de imigrantes japoneses foi instalada em Iguape, em 1913, dotada de uma infra-estrutura invejável para a época: ambulatório médico, escola, fábrica de beneficiamento de ar-roz, postos de venda de mantimentos, alojamentos para hospedar imi-grantes, etc. Estes equipamentos foram implantados pela companhia japonesa de emigração denominada Brasil Takushoku Kabushiki Kaisha, que se transformou, quatro anos depois, em Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha (K.K.K.K.). A maioria das colônias japonesas no Brasil foram planejadas e povoadas no decorrer dos anos vinte. Muitas delas foram empreendidas por governos provinciais japoneses, com forte apoio do Estado Imperial-Militar nipônico, como por exemplo, as Colônias Alianças. Dentre muitas colônias planejadas pelo governo japonês, Bastos é um exemplar típico do empreendimento expansionista imperialista do capitalismo estatal-militar. A ocupação racionalmente planejada de espaços territoriais por um grupo étnico homogêneo, que formava uma comunidade cultural, lingüística e religiosa, resultou no desenvolvimento de colônias de po-voamento e de exploração agro-industrial, com características singulares no Brasil, que transformaram-se numa extensão das comunidades rurais provinciais do Japão, repetindo, mutatis mutandis, o mesmo modelo de planejamento comunitário. Conseqüentemente, os traços do-minantes da cultura material e simbólica das comunidades de origem foram reconstruídos e mantidos, constituindo-se estas colônias implantadas no Brasil, num modelo típico de comunidade étnica japonesa. Estas características solidificaram-se devido à quase ausência das instituições sociais, culturais e políticas brasileiras nestas áreas; o que con-tribuiu para que estas comunidades mantivessem os contornos institucionais de origem, tornando-se uma província ou uma comunidade ultramarina japonesa. Portanto, em termos econômicos, toda produção de algodão, fios de seda e de outras matérias-primas era exportada para o Japão. Esta condição de descendência comum, sedimentada por senti-mentos atados à tradição ancestral, tonificados por fortes emoções de “pertinência à raça”, constrói, no pensamento subjetivo do imigrante japonês, o ideário mental de que todo grupo étnico compartilha um grande destino comum. Cada um destes imigrantes considerava-se um ator destinado a contribuir para a formação deste grande futuro, em que o Japão estabeleceria a Nova Ordem na Ásia Oriental. Assim, o contexto revitalizava o sentimento de pertinência ao espírito japonês yamato damashi). Não apenas o Estado e as províncias, mas também as empresas de emigrantes e as instituições estatais que os apoiavam, louvavam a tradição, os valores ancestrais, o culto ao imperador e as datas festivas do Japão; país para o qual um dia eles retornariam vitoriosos e realizados.
Editora | Humanitas |
Autor | Chioko Mita |
Formato | |
Leitor | Drumlin Security |
Impressão | Não permitida |
Seleção | Não permitida |
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